2/8/2010
Fortaleza recebe montagem de "O Barbeiro de Sevilha", ópera de Rossini, pela Cia. Brasileira de Ópera. O espetáculo fica em cartaz entre os dias 5 e 9, no Teatro do Shopping Via Sul
Um ano e meio após deixar a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo, o tão charmoso quanto controvertido maestro John Neschling está viajando o Brasil com seu novo e grandioso desafio: a montagem de uma Companhia Brasileira de Ópera itinerante.
Há dois meses na estrada com orquestra completa, cantores eruditos, coro, maquiadores, produtores, cenógrafos, essa semana quem recebe a récita de estreia da companhia, "O Barbeiro de Sevilha", de Gioacchino Rossini, é a capital cearense.
Um ano e meio após deixar a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo, o tão charmoso quanto controvertido maestro John Neschling está viajando o Brasil com seu novo e grandioso desafio: a montagem de uma Companhia Brasileira de Ópera itinerante.
Há dois meses na estrada com orquestra completa, cantores eruditos, coro, maquiadores, produtores, cenógrafos, essa semana quem recebe a récita de estreia da companhia, "O Barbeiro de Sevilha", de Gioacchino Rossini, é a capital cearense.
Misturando tecnologia e tradição, personagens caricaturados com roupas de enchimento contracenam com um desenho animado de longa-metragem, criação do cartunista americano Joshua Held. Em cena, ao som da orquestra, os atores interagem com seus próprios personagens projetados em tela.
Divertida, a ópera-bufa datada do século 19, prende a atenção do espectador pelas cores, dinâmica e atualidade. "Todos os personagens ficam gordos e têm a mesma cara, a de Rossini. A interação de palco e tela é constante, o espetáculo não está limitado ao tamanho do palco e há infinitas possibilidades de cenas ao ar livre e internas. Cantores em cena contracenando com uma projeção é novidade pura, nunca foi feita em nenhum lugar do mundo", ressalta José Roberto Walker, diretor executivo da companhia.
Com o risco de falhas comuns às altas tecnologias, que poderiam resultar, nesse caso, em pane musical, a responsabilidade dos atores e técnicos é redobrada. "Não dava para fazer o cantor acompanhar o desenho, porque cada um canta de um jeito, cada maestro rege de uma forma. Mudanças de décimos de segundos poderiam alterar tudo, por isso conseguimos desenvolver um sistema onde o filme acompanha a música. O cantor pode dar um agudo mais longo, que a tecnologia se encarrega de acompanhar até a sincronia labial. Nada ficou mecânico. Isso é uma grande conquista técnica regida pela batuta do maestro Victor Hugo Toro", diz Walker.
Renovação
A história de "Il Barbiere di Siviglia" o mundo inteiro conhece. Trata-se do casal de mocinho e mocinha (Conde de Almaviva e Rosina) que, apaixonados, não conseguem ficar juntos por causa do tutor da donzela (Bartolo), que também quer casar com ela. No meio desse imbróglio está o Fígaro, que além de ser o barbeiro, papel título da obra, faz as vezes de médico, botânico, veterinário, além de ser o alcoviteiro da cidade. A trama se desenrola em torno dos disfarces mirabolantes do barbeiro, sugeridos ao Conde, para que este consiga declarar seu amor. No final, o casal de pombinhos consegue ficar junto e ser feliz para sempre. Até aí, novidade nenhuma. O diferencial é o "como" a história é contada. A orquestra completa, com 28 músicos divididos entre cordas, flautas, oboés, clarinetes, fagotes, trompas e trompetes, cravos, violões e percussões, é encantadora. E a regência de Neschling, um espetáculo a parte.
Pena que o maestro não virá a Fortaleza. No período, ele estará na Feira Literária Internacional de Paraty. Indagado a respeito da relevância de levar sua ópera à terra de Eleazar de Carvalho, que também foi regente da Osesp, o maestro cortou rente. "Isso aqui não tem nada a ver com Eleazar de Carvalho. Nossa sorte é que temos um teatro que será inaugurado, porque no Teatro José de Alencar não dava. O palco é pequeno para receber o ´Barbeiro´. De forma que esse teatro novo, que eu não conheço, mas espero que seja bom, receberá a obra na inauguração". E acrescentou: "Mas é fundamental que Fortaleza tenha ópera, que receba e faça boas produções de vez em quando, e que tenha sua orquestra também".
Quem regerá a orquestra em Fortaleza é o maestro italiano Gianluca Martinenghi, que passa uma semana na capital cearense antes de seguir viagem para o Canadá, onde regerá uma nova montagem do "O Barbeiro de Sevilha". "É um grande presente receber o maestro Martinenghi na Companhia", elogia Neschling.
Tenor cearense
Mas quem dará o prazer da presença é o fortalezense, e tenor, André Vidal Sampaio, conhecido na cena local pelos tempos de Coral Zoada, Coral da UFC e Grupo Syntagma. Ele interpreta o Conde Almaviva. "A companhia tem quatro elencos que se alternam, porque o trabalho de cantor de ópera exige muito. Esse é um projeto que pretende durar muito tempo. Esse formato de viajar com a mesma ópera, o semestre inteiro, é tudo muito novo, ainda estamos entendendo essa dinâmica", enfatiza. "Criamos laços importantes para a energia do espetáculo, mais intimidade entre os cantores e a orquestra, todos ficam mais atentos às necessidades dos outros. Estou muito feliz de cantar ópera em minha cidade".
Outra novidade interessante é a versão infantil da récita, com 50 minutos, em sessão única no dia 8, às 16 horas. Divertida, colorida e interativa, o "Barbeiro" é um grande incentivo à formação de novos públicos. A repórter viajou a convite da produção do espetáculo.
MAIS INFORMAÇÕES
O Barbeiro de Sevilha - De 5 a 9 de agosto, no Teatro do Via Sul Shopping (Av. Washington Soares, 4335). Récitas adultas - dias 5, 6, 7 e 9, às 20h30; e dia 8, às 19 horas. Récita infantil: dia 8, às 16 horas. Ingressos: récitas adultas - R$ 50 (inteira) e R$ 25 (meia); infantil: R$ 2 (inteira) e R$ 1 (meia), no www.ingresso. com ou nas bilheterias do teatro.
Contato: 3404.4026 e 3404.4000
NATERCIA ROCHAEnviada a Manaus
Divertida, a ópera-bufa datada do século 19, prende a atenção do espectador pelas cores, dinâmica e atualidade. "Todos os personagens ficam gordos e têm a mesma cara, a de Rossini. A interação de palco e tela é constante, o espetáculo não está limitado ao tamanho do palco e há infinitas possibilidades de cenas ao ar livre e internas. Cantores em cena contracenando com uma projeção é novidade pura, nunca foi feita em nenhum lugar do mundo", ressalta José Roberto Walker, diretor executivo da companhia.
Com o risco de falhas comuns às altas tecnologias, que poderiam resultar, nesse caso, em pane musical, a responsabilidade dos atores e técnicos é redobrada. "Não dava para fazer o cantor acompanhar o desenho, porque cada um canta de um jeito, cada maestro rege de uma forma. Mudanças de décimos de segundos poderiam alterar tudo, por isso conseguimos desenvolver um sistema onde o filme acompanha a música. O cantor pode dar um agudo mais longo, que a tecnologia se encarrega de acompanhar até a sincronia labial. Nada ficou mecânico. Isso é uma grande conquista técnica regida pela batuta do maestro Victor Hugo Toro", diz Walker.
Renovação
A história de "Il Barbiere di Siviglia" o mundo inteiro conhece. Trata-se do casal de mocinho e mocinha (Conde de Almaviva e Rosina) que, apaixonados, não conseguem ficar juntos por causa do tutor da donzela (Bartolo), que também quer casar com ela. No meio desse imbróglio está o Fígaro, que além de ser o barbeiro, papel título da obra, faz as vezes de médico, botânico, veterinário, além de ser o alcoviteiro da cidade. A trama se desenrola em torno dos disfarces mirabolantes do barbeiro, sugeridos ao Conde, para que este consiga declarar seu amor. No final, o casal de pombinhos consegue ficar junto e ser feliz para sempre. Até aí, novidade nenhuma. O diferencial é o "como" a história é contada. A orquestra completa, com 28 músicos divididos entre cordas, flautas, oboés, clarinetes, fagotes, trompas e trompetes, cravos, violões e percussões, é encantadora. E a regência de Neschling, um espetáculo a parte.
Pena que o maestro não virá a Fortaleza. No período, ele estará na Feira Literária Internacional de Paraty. Indagado a respeito da relevância de levar sua ópera à terra de Eleazar de Carvalho, que também foi regente da Osesp, o maestro cortou rente. "Isso aqui não tem nada a ver com Eleazar de Carvalho. Nossa sorte é que temos um teatro que será inaugurado, porque no Teatro José de Alencar não dava. O palco é pequeno para receber o ´Barbeiro´. De forma que esse teatro novo, que eu não conheço, mas espero que seja bom, receberá a obra na inauguração". E acrescentou: "Mas é fundamental que Fortaleza tenha ópera, que receba e faça boas produções de vez em quando, e que tenha sua orquestra também".
Quem regerá a orquestra em Fortaleza é o maestro italiano Gianluca Martinenghi, que passa uma semana na capital cearense antes de seguir viagem para o Canadá, onde regerá uma nova montagem do "O Barbeiro de Sevilha". "É um grande presente receber o maestro Martinenghi na Companhia", elogia Neschling.
Tenor cearense
Mas quem dará o prazer da presença é o fortalezense, e tenor, André Vidal Sampaio, conhecido na cena local pelos tempos de Coral Zoada, Coral da UFC e Grupo Syntagma. Ele interpreta o Conde Almaviva. "A companhia tem quatro elencos que se alternam, porque o trabalho de cantor de ópera exige muito. Esse é um projeto que pretende durar muito tempo. Esse formato de viajar com a mesma ópera, o semestre inteiro, é tudo muito novo, ainda estamos entendendo essa dinâmica", enfatiza. "Criamos laços importantes para a energia do espetáculo, mais intimidade entre os cantores e a orquestra, todos ficam mais atentos às necessidades dos outros. Estou muito feliz de cantar ópera em minha cidade".
Outra novidade interessante é a versão infantil da récita, com 50 minutos, em sessão única no dia 8, às 16 horas. Divertida, colorida e interativa, o "Barbeiro" é um grande incentivo à formação de novos públicos. A repórter viajou a convite da produção do espetáculo.
MAIS INFORMAÇÕES
O Barbeiro de Sevilha - De 5 a 9 de agosto, no Teatro do Via Sul Shopping (Av. Washington Soares, 4335). Récitas adultas - dias 5, 6, 7 e 9, às 20h30; e dia 8, às 19 horas. Récita infantil: dia 8, às 16 horas. Ingressos: récitas adultas - R$ 50 (inteira) e R$ 25 (meia); infantil: R$ 2 (inteira) e R$ 1 (meia), no www.ingresso. com ou nas bilheterias do teatro.
Contato: 3404.4026 e 3404.4000
NATERCIA ROCHAEnviada a Manaus
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