Tem festival em Fortaleza
Passados três anos desde a última edição, começa amanhã o VI Festival de Teatro de Fortaleza, que prioriza a cena local em sua programação. Até sábado (14), 24 espetáculos compõem a mostra que homenageia o teatrólogo cearense B. de Paiva
Elisa Parente - Diversão e Arte 05/08/2010 02:00
Qual o momento que o teatro de Fortaleza vive? Que rumos estão sendo tomados em termos de estética e de linguagem? Qual a relação entre os grupos, a Cidade e o poder publico? É neste cerne que o Festival de Teatro de Fortaleza (FTF) ocupa diversos teatros e praças da Capital e realiza, até dia 14, sua sexta edição. Promovido pela Prefeitura Municipal de Fortaleza, através de sua Secretaria de Cultura (Secultfor), a programação reúne 24 espetáculos teatrais, encontro de curadores e o seminário Rumos do Teatro Fortalezense.
''Hoje, no Brasil, acontece um fortalecimento dos grupos de teatro e um grande intercâmbio entre os estados. O FTF tem um quê de vitrine, tanto para nós como para os grupos”, aponta Fernando Piancó, coordenador de Teatro e Circo da Secultfor e do VI FTF. Homenageando B. de Paiva, um dos nomes mais representativos do teatro cearense, recebem também a menção os atores Ricardo Guilherme, Antonieta Noronha e Yuri Yamamoto.
A mostra reúne espetáculos selecionados por edital e pelos diretores Herê Aquino, Thiago Arrais e Walden Luiz, que formam a comissão seletiva indicada pelo Fórum Cearense de Teatro e pela Secultfor. “Estamos trabalhando em diálogo com o movimento Todo Teatro é Político e com o Fórum de Teatro, que selecionaram os membros e deram sugestões de grupos para a programação.
Foram 76 grupos inscritos. Acreditamos que Fortaleza tenha hoje cerca de 90 espetáculos para serem apresentados. É algo impressionante”, analisa Piancó. Número que também surpreendeu o diretor Thiago Arrais. “Levando em consideração que eram espetáculos apenas de Fortaleza, o volume de produção é impressionante. A qualidade dos 12 grupos selecionados é nítida”, ressalta Arrais, que destacou como critérios de seleção a diversidade das propostas. “Queríamos expor as diversas tendências do teatro de Fortaleza, tanto da visão mais clássica, como o teatro de palco, de rua, de bonecos, como também o teatro de improviso. A programação está muito bacana, porque tem grupos com mais de 50 anos de atividade, como a Comédia Cearense, e grupos que surgiram ano passado, mas que não deixam em nada a desejar”, completa.
À frente do grupo Comédia Cearense, o diretor Haroldo Serra ressalta a importância da mostra. “O festival é sempre muito importante para a classe teatral, porque é um momento de congraçamento. E o mais importante é que acabou a competição, o festival é uma mostra artística e acabou aquele negócio de achar que um é melhor que o outro. Todos os grupos têm sua importância para a Cidade”, aponta o diretor do grupo que se apresenta dia 9, às 20 horas, no teatro Sesc Emiliano Queiroz.
Além das companhias locais, dois grupos nacionais compoem a programação. São eles o grupo paulista Sobrevento (que apresenta O Copo de Leite, Mozart Moments e Bonecos Aqui!) e o mineiro Espanca (com Amores Surdos e Por Elise). “Nós nos identificamos com os projetos que têm a pesquisa como foco, seja quais eles forem: espetáculos, encontros, festivais. Nossa trajetória é pautada sobretudo no desejo de descobrir novos caminhos para linguagem teatral. É a importância de se reinventar; e também de radicalizar a experiência de troca, que é uma experiência própria da natureza do teatro”, aponta Grace Passô, atriz do Grupo Espanca.
Para além das apresentações artísticas, o evento abre espaço para discutir formação acadêmica, relação entre os grupos e a mídia, as empresas e o poder público e a curadoria de festivais. É o seminário Rumos do Teatro Fortalezense, que acontece dia 10, de 9 às 17 horas, no Foyer do Theatro José de Alencar. “Será dado espaço para as entidades se colocarem. Depois, convidamos os representantes de cursos superiores para falarem de formação em Fortaleza”, apresenta Piancó. Vale conferir.
SERVIÇO
VI FESTIVAL DE TEATRO DE FORTALEZA Abertura amanhã, 6, a partir de 17 horas, na Praça e Theatro José de Alencar, com homenagem a B. de Paiva e encenação do espetáculo Rá, do ator Ricardo Guilherme. A mostra segue até sábado, 14, em diversos teatros e praças de Fortaleza como Theatro José de Alencar, Sesc Emiliano Queiroz, Sesc Senac Iracema, Cuca Che Guevara e Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, entre outros. Entrada gratuita. Outras informações: 3105 1358 e www.festivalteatrofortaleza.com.br.
EMAIS
Para esta edição e para as ações formativas continuadas, a Prefeitura de Fortaleza está investindo R$ 550 mil.
Quatro especialistas foram convidados para analisar os grupos e imprimirem suas visões sobre a cena teatral cearense. Foram eles o dramaturgo e repórter especial do O POVO, Demitri Túlio, o dramaturgo Emmanuel Nogueira, o professor de dramaturgia da Universidade Federal da Bahia, Marcos Barbosa, e o jornalista e crítico de teatro Kil Abreu.
Após o festival, seis grupos que se apresentaram na mostra farão parte de um intercâmbio com outros seis grupos, cada um representando uma regional da Cidade. “É quando começamos esse processo de formação entre grupos estabelecidos, com estética e gramática próprias e grupos da periferia”, adianta Fernando Piancó.
Durante a programação, três grupos locais terão a oportunidade de mostrar cada um dois trabalhos e os processos de montagem. São eles, Grupo Bagaceira, Teatro Máquina e Teatro Mimo.